terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Com 0,5 kg por pessoa, Brasil lidera descarte de PCs entre países emergentes

JULIANA CARPANEZ||Do UOL Tecnologia

A cada ano, um único brasileiro descarta em média 0,5 kg de lixo eletrônico referente a computadores pessoais, segundo um estudo de 2009 divulgado nesta segunda-feira (22) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Isso coloca o país como líder na lista de descarte de PCs -- nem sempre feito de forma correta -- entre nações emergentes. Confira abaixo a tabela completa, divulgada pela ONU.



Ainda de acordo com o relatório, que considera 11 países emergentes “representativos”, o Brasil também é um grande produtor de lixo eletrônico no descarte de aparelhos de TV (0,7 kg por pessoa ao ano, contra 0,9 kg do “líder” México) e de geladeira (0,4 kg per capta ao ano).

A ONU agrupa o Brasil junto com África do Sul, Marrocos, Colômbia e México: países que contam com um setor de reciclagem formal, mas que também apresentam uma informalidade de pequena ou média escala nessa área.



40 milhões de toneladas
De acordo com a Organização das Nações Unidas, o problema do lixo eletrônico já soma 40 milhões de toneladas por ano; a fabricação de telefones celulares e computadores pessoais consomem 3% de todo o ouro e prata extraídos em todo o mundo anualmente; os eletrônicos modernos contam com 60 elementos diferentes (valiosos, nocivos ou ambos); nos Estados Unidos, mais de 150 milhões de celulares e pagers foram vendidos em 2008, contra 90 milhões cinco anos antes; em todo o mundo, mais de 1 bilhão de telefones móveis foram comercializados em 2007 em comparação a 896 milhões em 2006.

Um resumo do relatório também indica que a China já produz 2,3 milhões de toneladas de lixo eletrônico, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, com 3 milhões de toneladas. E, apesar de ter proibido a importação do chamado e-waste, o país continua despejando esses produtos em países em desenvolvimento.

Na China, 500 mil toneladas de descarte anuais referem-se a geladeiras, 1,3 milhão tonelada são de TV, 300 mil toneladas vêm de computadores pessoais. Na índia, 100 mil toneladas são de geladeiras, 275 mil toneladas são de TVs, 56,3 mil toneladas são de PCs, 4,7 mil toneladas de impressoras e 1,7 mil tonelada de celulares. Não foram divulgados números específicos sobre o Brasil.

Brasil
O país conta com algumas alternativas para dar um fim correto ao lixo eletrônico. Na Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, o Cedir (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática) deve começar a coletar equipamentos descartados pelo público em 1º de abril.

No centro, que conta com cinco funcionários e teve investimento inicial de R$ 250 mil, três técnicos trabalham para desmontar toneladas de equipamentos. Essas peças -- que vão desde cobiçadas placas com fios de ouro até parafusos -- serão utilizadas em computadores remanufaturados ou vendidas para empresas de reciclagem de materiais específicos.

Para isso, é importante fazer uma triagem daquilo que ainda funciona, além de separar os diferentes tipos de cabos, plásticos e metais, entre outros elementos que compõem um computador. As placas, por exemplo, têm diferentes quantidades de metais (alguns deles preciosos), o que torna seu valor de mercado variável. Já os cabos podem conter cobre, zinco, alumínio e até vidro, dependendo da função para a qual foram fabricados.

Os PCs remanufaturados, que serão emprestados a ONGs até voltarem ao Cedir para o descarte, têm gravador de DVD, placa de rede, de vídeo, 120 GB de capacidade de armazenamento, 512 MB de RAM, monitor, teclado e mouse. Dez máquinas dessas já foram montadas no local e estão prontas para serem usadas em iniciativas como as de inclusão digital.

Aqueles que quiserem levar seus eletrônicos usados para o centro, a partir de 1º de abril, devem antes agendar a visita pelos telefones (11) 3091-6455 ou (11) 3091-6454 – os funcionários já respondem às dúvidas dos interessados pelo e-mail cedir.cce@usp.br. A coleta refere-se apenas ao lixo eletrônico de pessoas físicas; não serão aceitos equipamentos de empresas.

Original em UOL

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