sábado, 26 de dezembro de 2009

Orkut deixa de ser sinônimo de rede social para brasileiros em 2009

Por Guilherme Felitti, do IDG Now!
Publicada em 24 de dezembro de 2009 às 07h00
Atualizada em 25 de dezembro de 2009 às 19h07


No ano em que o Orkut começou a gerar receita e foi reformulado, brasileiros descobrem que não é apenas pela rede do Google que podem socializar.
No mesmo ano em que virou fonte de receita e passou pela sua maior reformulação, o Orkut teve razões para começar a se preocupar: em 2009, os brasileiros perceberam que não é apenas pela rede social do Google que podem socializar online.

Não que qualquer rival da rede social do Google a ameaça em curto prazo: a adoção do Orkut entre os brasileiros é tão acachapante (nada menos que 75% dos internautas acessam o serviço) que é difícil imaginar outra rede tomando o posto de mais popular nos próximos anos.

Os números exemplificam a disparidade: o Orkut registrou 27,2 milhões de brasileiros em novembro deste ano, contra 8,8 milhões do Twitter e 7,1 milhões do Facebook e, os dois serviços online mais próximos em termos de penetração de mercado, segundo dados da consultoria Ibope Nielsen Online.

O crescimento de ambos os serviços – que começaram o ano com 589 mil e 274 mil usuários no Brasil, respectivamente – se apóia tanto no mercado internacional (onde o Facebook ultrapassou o MySpace e se tornou a maior rede social do mundo) como pela adoção do Twitter por canais de TV no País.

Até 2009, “rede social para o brasileiro era somente Orkut. E o ‘somente’ já é muita coisa”, afirma o analista do Ibope Nielsen Online, José Calazans, que traça sua teoria para explicar a atenção dividida do brasileiro.

“A influência veio de fora. Se Facebook e Twitter não tivessem crescido tanto lá fora, o Orkut ainda estaria reinando absoluto”, afirma ele.

O reinado absoluto citado por Calazans diz respeito ao imaginário popular, não à participação de mercado, algo em que o Orkut não deve ser ameaçado em curto prazo. “Veja a procura pelo novo Orkut”, exemplifica.

A reformulação foi o evento mais importante de um ano agitado para o Orkut, que terminou 2008 com seus primeiros experimentos para geração de receita – além dos anúncios colocados em comunidades e perfis, a operadora Oi custeou o primeiro skin para a rede social.

Anunciada em outubro, a reformulação do Orkut foi a aposta do Google para tornar a rede social mais rápida e, em médio prazo, levá-la a outros mercados além de Brasil, Índia e Paraguai, únicos países do mundo onde o Orkut é a rede mais usada.

> Álbum: confira imagens no novo Orkut

A principal mudança estava nos bastidores: a estrutura do Orkut foi refeita usando a tecnologia Google Web Toolkit, o que permitirá “diferentes usos futuros”, segundo o diretor de produtos do Google Brasil, Victor Ribeiro.

Usuários que conseguiram convites para o novo Orkut, antes de o Google anunciar que liberaria acesso a todos, poderiam notar a maior velocidade, um número maior de cores e alterações na publicação de conteúdo multimídia.

A polarização com Facebook
Durante o lançamento do novo Orkut, executivos do Google Brasil afirmaram o compromisso em levar a rede social para brigar no mercado internacional, sem citar o nome de quem seria seu principal rival: o Facebook.

De todos os rivais, é a rede social criada por Mark Zuckerberg quem deflagrou a campanha mais explícita para se aproveitar da popularidade do Orkut para ganhar mercado no Brasil.


Em maio, o Facebook estreou uma ferramenta de importação de contatos diretamente do Orkut, atualizada em setembro com um texto ainda mais direto: “Você tem uma conta do Orkut? Veja se seus amigos do Orkut já estão no Facebook”, afirmava o alerta.

Menos de um mês depois, o Google respondeu mudando a maneira como exportava os contatos dos usuários, algo explorado pelo Facebook: a nova exportação de contatos do Orkut não tinha e-mails, que dificultava a indicação de contatos em qualquer rede social

Em seis meses, o número de usuários do Facebook no Brasil saltou de 2,7 milhões em maio para 7,1 milhões em novembro, segundo o Ibope.

O crescimento foi dado como justificativa para que Zuckerberg viesse ao Brasil, fizesse um concurso entre programadores e aventasse a possibilidade de abrir uma operação nacional.

> O Facebook ameaça o Orkut no Brasil?

Ao contrário do Orkut, porém, o Facebook continua restrito a um público mais classes A e B, com integrantes “jovens de vinte e poucos anos e alta escolaridade”, segundo Calazans, o que sugere que a rede ainda não quebrou as barreiras para atingir uso em massa.

O analista, porém, adverte que o Brasil vem apresentando um crescimento orgânico na sua base de usuários do Facebook já em voga nos Estados Unidos: com ou sem cobertura da mídia, a rede social cresce alimentada por um interesse genuíno dos internautas, diz.

O assédios dos outros
Fora a movimentação do Facebook no Brasil e as respostas do Google para garantir a liderança folgada do Orkut, 2009 se notabilizou também pela alternância entre as operações de dois rivais no setor: MySpace e Sonico.

Montado em outubro de 2007, o escritório brasileiro do MySpace sucumbiu frente aos cortes internacionais promovidos pela Fox Interactive Media, divisão do conglomerado Fox que controla a rede social, para demitir dois terços dos funcionários em subsidiárias.

Em junho de 2009, o MySpace fechou sua operação nacional e passou ao escritório da Fox International Channels (FIC) a responsabilidade de gerenciar campanhas publicitárias e acordos de conteúdo ainda vigentes, como foi o caso com o portal iG.

Em dezembro, o executivo Túlio Magalhães assumiu o cargo de gerente de vendas publicitárias do MySpace no Brasil para comandar uma equipe comercial para o serviço, que deverá ser reformulado no País.

Enquanto o MySpace fechava seu escritório no Brasil, os argentinos do Sonico abriam uma subsidiária quatro meses depois tentando explorar a popularidade da rede social no País.

Alexandre de Freitas foi contratado como diretor geral do Sonico no Brasil em outubro para liderar escritório local, com 12 funcionários, em São Paulo que expandiria a atuação do serviço além da venda de publicidade.

A ousada estratégia de Freitas para fazer do Sonico o maior canal de relacionamento do País inclui perfis diferentes para o mesmo usuário (pessoal, profissional e privado), investimentos para atrair empresas, políticos e celebridades e soluções para gravadoras oferecerem conteúdo dentro da rede.

Segundo o Ibope Nielsen Online, tanto MySpace como Sonico ocupam uma faixa intermediária do mercado de rede sociais no Brasil, acumulando audiência semelhante: o primeiro teve 2,1 milhões de usuários e o segundo registrou 2,4 milhões de usuários em novembro de 2009.

Original em: UOL

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